segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Contra-Reforma

A Reação católica contra o avanço protestante

Diante dos movimentos protestantes, a reacção inicial e imediata da Igreja católica foi punir os rebeldes, na esperança de que as ideias reformistas não se propagassem e o mundo cristão recuperasse a unidade perdida. Essa táctica, entretanto, não obteve bons resultados. O movimento protestante avançou pela Europa, conquistando um crescente número de seguidores.
Diante disso, ganhou força um amplo movimento de moralização do clero e de reorganização das estruturas administrativas da Igreja Católica, que ficou conhecido como Reforma Católica ou Contra-Reforma. Os seus principais líderes foram os papas Paulo III (1534-1549), Paulo IV (1555-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V (1585-1590)
Um conjunto de medidas forma adoptadas pelos líderes da Contra-Reforma, com vista à detenção do avanço do protestantismo. Entre essas medidas, destacam-se a aprovação da ordem dos jesuítas, a convocação do Concílio de Trento e o reestabelecimento da Inquisição e Índex.

Ordem dos Jesuítas

No ano de 1540, o papa Paulo III aprovou a criação da ordem dos jesuítas ou Companhia de Jesus, fundada pelo militar espanhol Inácio de Loyola, em 1534.
Inspirando-se na estrutura militar, os jesuítas consideravam-se os "soldados da Igreja", cuja missão era combater a expansão do protestantismo. O combate deveria ser travado com as armas do espírito, e para isso Inácio de Loyola escreveu um livro básico, Os Exércitos Espirituais, propondo a conversão das pessoas ao catolicismo, mediante técnicas de contemplação.
A criação de escolas religiosas também foi um dos instrumentos da estratégia dos jesuítas. Outra arma utilizada foi a catequese dos não-cristãos, com os jesuítas empenhando-se em converter ao catolicismo os povos dos continentes recém-descobertos. O objectivo era expandir o domínio católico para os demais continentes.

Concílio de Trento

No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um concílio (reunião de bispos), cujas primeiras reuniões foram realizadas na cidade de Trento, em Itália. Ao final de longos anos de trabalho, terminados em 1563, o concílio apresentou um conjunto de decisões destinadas a garantir a unidade da fé católica e a disciplina eclesiástica.
Reagindo às ideias protestantes, o Concílio de Trento reafirmou diversos pontos da doutrina católica, como por exemplo:
I. a salvação humana: depende da fé e das boas obras humanas. Rejeita-se, portanto a doutrina da predestinação;
II. a fonte da fé: o dogma religioso tem como fonte a Bíblia (cabendo à Igreja dar-lhe a interpretação correcta) e a tradição religiosa (conservada e transmitida pela igreja). O Papa reafirmava sua posição de sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo confiou a construção da sua Igreja;
III. a missa e a presença de Cristo: a Igreja reafirmou que no acto da Eucaristia ocorria a presença de Jesus no Pão e no Vinho. Essa presença real de Cristo era rejeitada pelos protestantes.
O Concílio de Trento determinou, ainda, a elaboração de um catecismo com os pontos fundamentais da doutrina católica, a criação de seminários para a formação dos sacerdotes e manutenção do celibato sacerdotal.

Inquisição e Índex - Repressão

Em meados de 1542 dá-se início a uma terrível repressão. Por esta época o Papa Paulo III reestabelece o tribunal da Santo Ofício, mais vulgarmente conhecido como Inquisição. Este visava proteger a religião e salvar as almas dos homens (mesmo que esses não o quisessem). Os funcionários desta instituição estavam seguros daquilo que estavam a fazer, para eles Deus concordava com aquilo que faziam.
A Inquisição foi, fundamentalmente, uma instituição espanhola que antecedeu a contra-reforma. O seu método consistia em julgar os suspeitos que eram denunciados através de testemunhas anónimas. Usavam torturas para tentar arrancar uma confissão do réu, que normalmente confessava mesmo sem ter cometido crime algum. Mal o réu confessava era ou entregue ao Estado ou sentenciado à morte na fogueira. O Estado usava este meio para se livrar dos seus inimigos políticos ou simplesmente das pessoas que contestavam as suas decisões. Este instrumento foi o mais negativo e aterrador da Contra-Reforma.
Paulo IV fez publicar o Índex dos livros proibidos. A heresia é, por vezes, fruto da leitura. Como tal organiza uma lista de livros expressamente proibidos para todas as pessoas, ou melhor, para todos os católicos (só tinham poder sobre eles). Esta lista estava dividida em: autores (como Erasmo), autores cujos livros eram condenados individualmente e livros com doutrinas prejudiciais. Todos aqueles que fizessem que fossem denunciados por ter livros condenados em casa (mesmo que não os tivessem) eram torturados pela Inquisição.
Estas medidas limitaram, durante vários anos, a liberdade de pensamento e comunicação, ao mesmo tempo que representou um bloqueio cultural.

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